O livro é de Novembro de 1991, tem realização técnica de
Vasco Rosa e capa de Henrique Cayatte incluindo tudo sobre o «I Congresso de
Escritores de Língua Portuguesa»: discursos, comunicações, debates, moções e
saudações. A Comissão Executiva integrou Alexandre Babo, Júlio Conrado, Wanda
Ramos, Edite Estrela, Egito Gonçalves e Salvato Teles de Menezes. O texto de
Carlos Pinhão intitula-se «Há uma literatura desportiva» e começa deste modo:
«Os senhores desculpem mas há dias em que sou lido por um milhão de
Portugueses, em Portugal e no estrangeiro.» A explicação é simples: nesse tempo
um jogo Benfica-F.C.Porto dava origem a uma tiragem de 250 mil exemplares de A Bola e, como cada jornal em média era
lido por 4 leitores, temos o tal milhão. A seguir Carlos Pinhão afirma: «Há uma
literatura desportiva! Foi Ruy Belo quem o disse.» E explicando melhor, recorre
às palavras do Poeta: «E é bom que ela exista, visto que existe um desporto, é
natural que exista uma literatura sobre essa realidade». Entrevistado pelo
jornal A Capital em 1969 e por A Bola em 1970, as suas palavras constam
do livro Na senda da Poesia: «Penso
que os jornalistas desportivos escrevem bem, conseguem uma coisa que eu
gostaria que se conseguisse no domínio da cultura e que é a adesão do povo
àquilo que escrevem.» Retomando as palavras de Carlos Pinhão, passamos a citar:
«Essa adesão é particularmente significativa no tocante a muitos e muitos
milhares de emigrantes portugueses que têm, nos jornais desportivos que recebem,
o único elo que os liga à literatura da terra-mãe. Entretanto, continua a
faltar, na literatura portuguesa, um romance que tenha por fundo o mundo do
futebol, depois das experiências havidas com o romance de Hugo Rocha e, sobretudo,
o de Romeu Correia, com o seu Desporto-Rei.»
[texto de José do Carmo Francisco - fotografia de autor desconhecido]