quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Quando Romeu Correia Fez 70 anos (2)


A Junta de Freguesia de Cacilhas também quis homenagear o escritor Romeu Correia, natural da localidade ribeirinha, na passagem do seu 70.º aniversário e descerrou uma placa na casa onde nasceu...


terça-feira, 17 de novembro de 2020

Quando Romeu Fez Setenta Anos... (1)


Almada homenageou Romeu Correia na passagem dos seus 70 anos, com a edição de uma biografia sua (da autoria de Alexandre M. Flores) e de um disco com poemas da sua autoria (de Luísa Basto e Romeu Correia).


Descobrimos recentemente o folheto da festa, ilustrado com uma aguarela de Cacilhas, de Carlos Canhão.


terça-feira, 6 de outubro de 2020

Amália e Romeu Encontraram-se nos Palcos


Neste ano em que se comemora o centenário do nascimento de Amália Rodrigues, o nome maior do fado e da canção portuguesa (e que nos deixou a 6 de Outubro),  é importante recordar que a 8 de Novembro de 1958, a RTP transmitiu a peça de Romeu Correia, "Céu da Minha Rua", que teve como protagonistas Amália Rodrigues e Varela Silva (à época seu cunhado...).

Foi um encontro memorável de Romeu Correia com Amália nos palcos, num tempo em que a televisão transmitia peças de teatro...

(Fotografia de autor desconhecido)

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Um Livro por Mês (5)


Depois da representação da peça "Casaco de Fogo", no Teatro Nacional Dona Maria II, em 1953, descrita e apreciada graças ao  seu simbolismo expressivo, à forma como descreve a vida nos bairros pobres, algo que era comum em praticamente todos os meios urbanos.

Foi por isso natural que esta peça fosse editada algum tempo depois (1956), enriquecendo a bibliografia de Romeu Correia.

(Embora esta rúbrica se chame "Um Livro por Mês", a sua periodicidade é variável, como já perceberam)


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Um Testemunho Especial...


Romeu Correia foi um grande amigo de Henrique Mota, o historiador do desporto almadense, que nasceu há quase 100 anos e no blogue que festeja esta efeméride, foi publicado o testemunho e a imagem que publicamos aqui no blogue.


«Meu caro Henrique Mota, este teu livro fica incompleto sem a tua biografia desportiva, pois tu foste, sem contestação possível, uma figura cimeira do desporto almadenses de sempre. O treinador entusiasta de várias modalidade, o tenaz propagandista da cultura física, o dirigente, o carola, que custeou do seu próprio bolso numerosas iniciativas e, para além disto o excelente atleta que todos admiramos, não pode estar ausente desta obra. A colectânea de biografias desportivas ficaria imperdoavelmente mutilada sem a tua justa presença real. Peço-te pois, em nome da verdade que todo o atleta deve defender, que ela seja inserida num posfácio. Valeu?
Teu velho amigo e companheiro de mil tarefas, que te abraça com a maior admiração e ternura.»


segunda-feira, 20 de julho de 2020

A Peça "Casaco de Fogo" no Teatro D. Maria II


A 16 de Dezembro de 1953 foi estreada no Teatro D. Maria II a peça "Casaco de Fogo", da autoria de Romeu Correia.


A peça foi encenada por Pedro Lemos e teve como  protagonistas Carmen Dolores, Aura Abrantes, Augusto Figueiredo, Luís Filipe, Álvaro Benamor, Jacinto Ramos e Lurdes Norberto.

(Imagens cedidas por José do Carmo Francisco)

sábado, 20 de junho de 2020

Um Livro por Mês (4)


"Gandaia" é o terceiro romance de Romeu Correia e o seu quarto livro, publicado em 1952.
É uma obra que aborda de uma forma muito realista a vida difícil dos tanoeiros do Ginjal, que num misto de sonho e de inocência ergueram uma cooperativa de tanoeiros, que como era de prever, teve vida curta, graças ao boicote dos "patrões", que preferiam mandar fazer as suas pipas no Norte, a fazer negócios com os cooperantes...
Romeu Correia descreve muito bem todos os dramas que estes operários passaram, sem se esquecer de situar a história no quotidiano da então Vila de Almada.
Só depois do 25 de Abril é que Romeu Correia pode dar o nome que tinha escolhido inicialmente para esta obra: "Os Tanoeiros".

domingo, 24 de maio de 2020

O "Gaivota" e o "Escritor"...


Só há dias é que li o conto "Gaivota" de Maria Rosa Colaço, que retrata um dos muitos meninos que crescem por aí "ao deus dará". Ofereceu-lhe um novo nome, mais apropriado para quem passa o tempo a vaguear pelo cais e pelas ruas de Cacilhas, de braços abertos, como se quisesse voar abraçar o mundo, mesmo que este não o trate da melhor maneira...

A  paginas tantas a escritora  fala de um escritor que escrevia num café rente ao cais. Embora nunca tivéssemos falado sobre isso com Maria Rosa Colaço (com quem falámos muito menos do que devíamos...), as linhas que se seguem têm mesmo a cara de Romeu Correia, que durante largos anos foi o único escritor de Almada, Cacilhas e arredores...

«Tenho conhecido gente tão gira que, nem que viva mil anos, a hei-de esquecer.
Um dia sentei-me na mesa dum senhor que para aqui vem, todas as manhãs, para este café do cais. Passa o tempo a escrever, nunca bebe bica: pede sempre e só, um garoto escuro.
É um escritor!
Uma vez consegui falar com ele.
Ena pai! O que aquele homem sabe de Cacilhas e de Almada e de quem aqui viveu em tempos antigos, nem os jornais da tarde, todos, chegavam para contar. Tudo o que explica, percebe-se muito bem percebido. As pessoas de quem ele fala parece que estão ali mesmo, sentadas na mesa a nosso lado.
Andei uns dias que nem das gaivotas me lembrava: mal o via entrar, sentava-me muito sossegado. Eram histórias e mais histórias, qual delas a mais bonita. E tudo histórias com gente de verdade, estás a ouvir? Operários, tanoeiros, pescadores, miúdos de gandaia.
Acho que para um homem assim, o seu trabalho devia ser estar sentado numa cadeirinha. Com almofada e tudo.
Sentava-se muito bem sentado, traziam-lhe o garoto escuro e pronto! Bico calado e vamos mas é ouvir histórias para alegrar as horas mais tristes, que hoje já trabalhei muito a descarregar sacos, a carregar peixe e hortaliça.
Eu não sei se há empregos destes para distrair as pessoas tristes e sozinhas e cansadas. Mas se eu mandasse era o que fazia.»

domingo, 17 de maio de 2020

Romeu e o Ginásio Clube do Sul "Centenário"


No dia em que se comemora o centenário do Ginásio Clube do Sul, o clube desportivo mais representativo de Cacilhas, vamos recordar algumas palavras de Romeu Correia, que transcrevemos de uma fotocópia de um jornal (penso que será do "Jornal de Almada"), que não está datada, mas que acabámos por conseguir "datá-la", pela sua temática (realização inédita do Sarau anual do Ginásio no Pavilhão dos Desportos de Lisboa, hoje Pavilhão Carlos Lopes, com cerca de 600 atletas ginasistas, em "protesto" por não existir um único pavilhão polidesportivo no Concelho de Almada, que se realizou a 9 de Junho de 1972...).

Romeu disse:

«Não há dúvida de que são outros tempos! E também o deveriam ser para o Ginásio Clube do Sul, não é verdade? Pois esta benemérita colectividade de Cacilhas é, hoje... um centro desportivo atrofiado, sem horizontes, cuja massa associativa e atlética se move numas instalações anacrónicas (instalações que poderiam servir em 1920, mas nunca em 1972).»

Romeu faz ainda a seguinte pergunta:

A Vila de Almada cresce, cresce todos os dias - e o Ginásio Clube do Sul não pode crescer... Porquê?»

Claro que está aqui implícita uma crítica ao Município, que prometeu durante anos e anos a oferta de um terreno para a construção do tão sonhado pavilhão, que só seria construído e inaugurado nos anos noventa do século passado...

Esta jornada foi histórica, com a comitiva do Ginásio (atletas, treinadores, dirigentes, associados e simpatizantes a viajarem de Cacilheiro para Lisboa e depois a subirem a Avenida da Liberdade, em direcção ao Pavilhão, no Parque Eduardo VII...

Romeu Correia, sócio honorário do Clube, foi o porta-estandarte do Ginásio, como se pode comprovar pela fotografia tirada no interior do Pavilhão, durante o cerimonial de abertura do Sarau.

E parabéns, Ginásio!

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Um Livro por Mês (3)


"Calamento" foi a terceira obra publicada por Romeu Correia, em 1950, e talvez a que se aproxime mais do neorealismo.

Romeu para a escrever, esteve mesmo a viver na Costa de Caparica com pescadores e familiares, tentando depois recriar o seu dia-a-dia. O mais curioso foi ele ter decidido usar os mesmos termos usados pela gente do mar, na conversação, enriquecendo muito este livro, o que faz dele algo úníco no seu universo literário e até mesmo na nossa literatura.

O crítico João Gaspar Simões escreveu o seguinte: 

«Que belas páginas as páginas deste livro onde o rude pescador e a bárbara aparadeira da Costa de Caparica, dessas paragens às portas de Lisboa - o mais civilizado centro urbano da nossa Pátria! - se recortam em toda a rude impulsividade das suas naturezas brutas como as ondas do mar e as rochas da praia!»

sábado, 21 de março de 2020

Um Poema Para o Romeu no Dia da Poesia...


Retrato Aberto
  
Percorrias o Ginjal diariamente,
onde nada, mesmo nada, te era indiferente.

Foi ali que descobriste a tua vocação
ao escutar histórias de partir o coração
de gente que lutava por um pedaço de pão.
Foi ali que começaste a sonhar
com as tuas personagens de encantar,
que um dia te tornariam tão popular.

O desporto e o teatro eram uma paixão,
assim como os livros que lias com emoção
e onde descobriste a verdade da ficção.
Um dia retrataste toda aquela vida dura
com histórias de sonhos, dramas e ternura
que hoje fazem parte da nossa literatura.

Felizmente deste um passo em frente
E contaste tão bem as histórias da tua gente.


Luís (Alves) Milheiro


(Fotografia de Fernando Barão - Ginjal, anos 1950)

segunda-feira, 9 de março de 2020

Uma Grande Mulher e uma Grande Campeã de Almada


Hoje é um dia especial, porque se comemora o centenário do nascimento de Almerinda Correia, que não se limitou a ser a companheira da vida inteira de Romeu Correia, a grande referência literária do Concelho de Almada.

Almerinda foi um dos grandes exemplos da emancipação da mulher, da Vila de Almada, num país onde tudo tardava a chegar (até a democracia, demorou 48 anos a chegar...).

Por influência do marido começou a praticar desporto, tornando-se em pouco tempo uma das melhores lançadoras do peso, disco e dardo, do nosso país (foi várias vezes campeã nacional com a camisola do Almada Atlético Clube).



Além de andar de calções pela Vila de Almada (quando ia treinar com o marido), também foi uma das primeiras mulheres a usar calças, que ela própria confeccionava, não fosse ela costureira (foi a principal fonte de inspiração para o romance de estreia do Romeu, o "Trapo Azul"...)

(Transcrição de um artigo publicado no blogue "Casario do Ginjal", por razões óbvias)

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Um Livro por Mês (2)


O primeiro romance de Romeu Correia foi o "Trapo Azul", editado em 1948, numa edição de autor, que acabou por ser, de alguma forma, a continuidade de um dos contos mais polémicos do "Sábado sem Sol".

Romeu voltou ao pequeno mundo das "costureiras", tão exploradas pelas "mestras", oferecendo-lhe mais profundidade e dramatismo.

O romance voltou a ser bem acolhido pela crítica, especialmente por João Gaspar Simões, que escreveu no "Sol" (21 de Maio de 1949):

«… E o certo é que não conheço romance português (“Trapo Azul”) de intuitos “populistas” onde o povo, na sua trivial realidade, seja evocado com mais verdade e maior força.»

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Um Livro por Mês (1)


Foi-me sugerido, falar dos livros de Romeu Correia aqui no blogue. Embora tenha ido falando dos seus livros, acho que nunca me foquei apenas na sua obra literária.

Esta ideia acaba por ser positiva, por que faz com que mantenha o blogue mais activo, ou seja, graças aos seus livros, acabo por publicar um texto (por muito pequeno que seja) por mês.

Vou começar pelo seu livro inicial, "Sábado sem Sol", uma colectânea dos seus primeiros contos que ele e os amigos acharam publicáveis.

Devo realçar que a grande publicidade a este livro foi feita pela PIDE, que ao apreender a obra (visitou livrarias e bibliotecas populares...), despertou ainda uma maior curiosidade nos leitores.

Eis a opinião de João Madeira, publicada na revista "História", de Dezembro de 2002.

«Foi esse intenso universo de trabalho, que o escritor Romeu Correia convocaria a contos de Sábado Sem Sol, de 1947, ou o romance Os Tanoeiros, de 1952, ambos implacavelmente proibidos pela censura. Quando reeditados, pouco depois do 25 de Abril, já os ritmos do Ginjal eram outros, soçobrando face às importantes mudanças das décadas de sessenta e setenta, impondo-se na estrutura e nos sectores produtivos aí implantados.»