segunda-feira, 27 de março de 2017

Festejar o Teatro com o Romeu


Hoje é o Dia Mundial do Teatro, uma data perfeita para falarmos das peças de teatro do Romeu cujos textos permanecem inéditos, e que era simpático que uma ou duas fossem editadas neste ano do seu centenário.

Há pelo menos sete peças que foram representadas e cujos textos nunca foram publicados sobre a forma de livro.

São elas: "A Razão"; "Águas de Bacalhau", "Fantoches", "Dom Cosme", "Desporto-Rei" (versão para teatro) e "Tempos Difíceis". As primeiras peças foram representadas nos anos 1940. O "Desporto-Rei" teve mais que uma representação (S. Guilherme Cossoul e S.R. Pragalense), esta última no final dos anos 1960 e com encenação do próprio Romeu. Os "Tempos Dificeis" foi representada e encenada  em 1982 (com mais de 100 representações) pela Companhia de Teatro de Almada e por Joaquim Benite.

sexta-feira, 24 de março de 2017

O 1º Percurso do Roteiro Literário de Romeu Correia


A concentração estava marcada para as 14.30 horas de quinta, junto dos Paços do Concelho. As escadas do velho edifício foram ficando cada vez com mais pessoas... para gáudio das professoras Edite Condeixa e Ângela Mota, as animadoras deste projecto da USALMA.

Depois foram lidas as primeiras transcrições das obras do Romeu Correia, localizadas naquele espaço.


De seguida desceu-se a avenida Heliodoro Salgado, com paragem na casa dos tios, José Carlos de Melo e Julieta Correia, onde Romeu também viveu, com mais leituras...


Voltou a subir-se a avenida, na direcção da rua Capitão Leitão, para a visita à Incrível Almadense, ao seu espaço museológico e à biblioteca, com uma ligeira paragem na sala de reuniões da Sociedade Centenária, onde se falou um pouco da história da Incrível, do apoio das bibliotecas da Incrível e da Academia ao primeiro livro do Romeu, o "Sábado sem Sol", com intervenções de Alexandre Castanheira, Carlos Guilherme e Luís Milheiro.

Este primeiro percurso teve o seu términos no Museu da Música Filarmónica, com visita guiada de João Valente, ao qual não faltou a visualização do filme interactivo sobre o maestro Leonel Duarte Ferreira e a Vila de Almada.

Estamos certos que as mais de quatro dezenas de pessoas que participaram nesta iniciativa, ficaram bastante mais enriquecidas em relação à obra de Romeu Correia e também à História de Almada, no final da visita.

(Fotografias de Luís Eme)

quarta-feira, 22 de março de 2017

A Inveja e a Má Língua à Solta com o "Sábado sem Sol"


O "Sábado sem Sol" foi um livro que deixou várias marcas em Almada e nos almadenses nesses já longinquos anos 1940. Os primeiros que fizeram soltar o seu "fel", foram os que acharam que estavam dentro do livro de Romeu Correia. Uns bem retratados, outros a cirandar nas proximidades. Foi esta gente que denunciou o livro à GNR, à PIDE e à censura, em nome dos "bons costumes" da época...

Outra das marcas que ficou e quase que destruiu uma amizade, foi o boato que alguns invejosos levantaram, de que quem tinha escrito o livro de contos tinha sido Libânio Ferreira... Mesmo sendo mentira afectou o relacionamento destes dois grandes académicos, que por amor aos livros criaram a Biblioteca da Academia alguns anos antes, com outros amigos.

(Alves Redol, Leonel Duarte Ferreira e Eduardo Cortesão rodeiam Libânio Ferreira e Romeu Correia neste "recorte" da fotografia tirada durante a visita do escritor ribatejano a Almada) 

segunda-feira, 20 de março de 2017

O Primeiro Percurso do Roteiro de Romeu...


No dia 23 de Março, quinta-feira, às 14.30 horas, vai decorrer o 1º Percurso do Roteiro Literário de Romeu Correia, organizado pela APCALMADA / USALMA e dinamizado pelas professores Ângela Mota e Edite Condeixa.

Mais uma excelente iniciativa para todos aqueles que se interessam pela história de Almada e pela vida e obra do Grande Escritor de Almada do século XX.

domingo, 19 de março de 2017

A Estreia dos "Bonecos de Luz" em Almada


Ontem foi noite de estreia dos "Bonecos de Luz", no Auditório Lopes Graça, do Fórum Romeu Correia, ou seja, no lugar certo, a Casa de Cultura Almadense que tem o nome do grande escritor do Concelho de Almada.

Os espectadores iam entrando e encontravam a sala a média luz, com os actores entretidos a jogar à bola, com a batida de uma bateria ao ritmo de uma guitarra baixo.


E depois começou a festa encenada pelo Rodrigo Francisco e interpretada por André Alves, André Pardal, Carlos Pereira, João Farraia, Manuel Mendonça, Pedro Walter, Rui Dionísio e Vanda Rodrigues, da Companhia de Teatro de Almada.

Embora os actores não tenham entrado logo no livro, assim que o fizeram, aconteceu magia, sentimos as personagens criadas pelo Romeu a sairem do livro e a contarem as suas histórias no palco...


Nem sequer faltou o verdadeiro Charlot no pano, que depois seria bem substituído pelo Zé Pardal....


E no final, sentimos que se prestou uma bela homenagem ao Romeu.

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, 16 de março de 2017

"Bonecos de Luz" nos Palcos em Almada


O romance "Bonecos de Luz" foi adaptado pela Companhia de Teatro de Almada, numa encenação de Rodrigo Francisco e vai estar em cena no Auditório Lopes Graça, do Fórum Romeu Correia, de 18 de Março a 2 de Abril.

Um espectáculo a não perder por todos os apaixonados da obra de Romeu Correia.

quarta-feira, 15 de março de 2017

A Boa Publicidade da Censura ao "Sábado sem Sol"


Apesar do susto que Romeu Correia apanhou, a apreensão do livro de contos, "Sábado sem Sol", acabou por ser a melhor publicidade que se poderia fazer a uma primeira obra.

A sua proibição levantou uma grande curiosidade nos leitores (tanto nos oposicionistas como nos almadenses...) sobre o livro, fora de mercado, e por isso, ainda mais valioso...

Felizmente os bibliotecários da Academia e da Incrível Almadense estavam de sobreaviso e foram muito poucos os livros que a PIDE levou das duas bibliotecas (pouco mais de meia-dúzia...), quando as visitou... 

Mas vamos lá ler o que Romeu escreveu, na página dez, ainda em "Algumas Linhas Livres":

«Dois meses após a publicação, a PIDE procedia à apreensão do “Sábado sem Sol” (estímulo oficial tão frequente por esses tempos fascistas…), semeando o desgosto e a indignação na maioria dos meus leitores, e digo na maioria porque, inexplicavelmente, tristemente, houve, em Almada, quem, sentindo-se retratado nas páginas do livro, descesse à ignominia de me denunciar na sede da famigerada polícia política.»

(Na imagem o auto de apreensão do "Sábado sem Sol" na Biblioteca da Incrível Almadense, onde só descobriram dois livros...)

terça-feira, 14 de março de 2017

A Estreia Literária de Romeu Correia


A aproximação ao mundo da Cultura e aos livros foi o maior incentivo que Romeu poderia ter para escrever, escrever, até à publicação... O que aconteceria em 1947, com a edição do seu livro de contos, "Sábado sem Sol", edição apoiada pelas Bibliotecas da Academia e Incrível Almadense (para quem reverteu parte das receitas...).

Romeu explica muito bem tudo o que aconteceu nesta sua estreia literária, no seu texto de abertura da segunda edição  de 1975, "Algumas Linhas Livres" (página nove):

«Data dos fins de 1945 a minha crescente necessidade de passar ao papel várias histórias e figuras que povoavam o meu pequeno mundo. Testemunhar os problemas sociais, os conflitos de classe, os dramas humanos, revelando e condenando o mundo injusto e contraditório que nos rodeia e oprime, é a função primeira do contador de histórias. Foi o que fiz. Com alguma ficção para não irritar os patrícios, distanciei-me dos primitivos modelos utilizados, concluindo o meu livro no ano seguinte.»

quinta-feira, 9 de março de 2017

o "romeo" já anda por ai...


O número um do "romeo", um fanzine quase literário de Almada, já anda por ai.

Este primeiro número com a direcção de Luís Milheiro conta com a colaboração de Elisa Araújo, Edite S. Condeixa, José do Carmo Francisco, Orlando Laranjeiro (prosa) e Clara Mestre e Fernando Barão (poesia).

Há também algumas transcrições de textos da autoria de: António Cagica Rapaz, Linda Capitão, J.A., João Gaspar Simões, João Madeira, João Vasco, Maria Rosa Colaço e Teresa David.

A capa foi feita a partir de um desenho de H. Mourato.

É mais uma forma de homenagear Romeu Correia.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Romeu e a Biblioteca da Academia Almadense


O interesse cada vez maior de Romeu Correia pelas palavras e pelos livros fez com que fizesse parte do grupo de jovens que apoiaram Libânio Ferreira na fundação de uma biblioteca no seio da Academia Almadense, em 1942.

Mais uma vez vamos servir-nos da transcrição de um dos seus livros, na abertura da 2.ª edição do livro de contos "Sábado sem Sol" (página oito).

«Democrata de raiz, produto do espantoso movimento associativo do Concelho, explodi em busca de uma realização humana mais autêntica. Na companhia de outros jovens ligados à prática desportiva, que então ganharam interesse pela cultura e pela política (e aqui é justo destacar o Libânio Ferreira), criámos uma biblioteca popular na Academia Almadense. Esse grupo de jovens organizou um ciclo de palestras e recitais, contactando figuras de real valor no panorama artístico e cultural do País. Assim, visitaram-nos, por diversas vezes, o Fernando Lopes Graça e o seu heróico grupo coral, a Maria Barroso, a Irene Lisboa, o Alves Redol, a Maria Lamas, o Eduardo Luís Cortesão, o Nataniel Costa, o Vieira de Almeida, o Flausino Torres, o António José Saraiva, o Jorge de Macedo e outros.»

(Fotografia de autor desconhecido do Arquivo da Academia Almadense - Romeu é o primeiro da direita, com laço, ao lado de Libânio Ferreira, com fato mais claro, durante uma das visitas de Alves Redol a Almada)



quinta-feira, 2 de março de 2017

Romeu Correia: a Vocação de Contador de Histórias


Romeu Correia ainda nos anos 1930 descobre a sua vocação como contador de histórias, ao mesmo tempo que pisa os palcos pela primeira vez, como actor, e escreve os seus primeiros diálogos, primeiro para as cégadas do carnaval e depois para pequenas dramaturgias.

Romeu explica isso muito bem no texto que apresenta e explica o "Sábado sem Sol" ("Algumas Linhas Breves", página 7), na sua 2.ª edição, refundida, editada em 1975, que transcrevemos:

«Ligado à geração de jovens almadenses entusiastas pela cultura física e pela prática do atletismo, descobrira, entretanto, uma nova prenda: vocação para contador de histórias. Anos antes, em 1938, havia tentado o teatro, pelo Carnaval, na Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense, de que em 1895, meu avô paterno, José Henrique Correia, fora um dos sócios fundadores. No Outono de 40, Manuel Araújo, talentoso amador dramático, havia posto sobre as tábuas do palco um drama meu, aliás muito aristotélico, intitulado “Razão”, que provocara na plateia familiar desse tempo uma grande efusão de lágrimas e palmas.»