sábado, 18 de novembro de 2023

Um Momento Cultural Especial com Romeu Correia


«Hoje foi apresentada a nova edição do livro de contos de Romeu Correia, "Um Passo em Frente", na sala de leitura da Biblioteca Central de Almada.

O historiador Alexandre M. Flores não se limitou a fazer apenas a apresentação da obra e a recordar o autor. Após a sua intervenção convidou uma boa parte dos presentes, que conheceram e conviveram com o escritor almadense, a partilhar um episódio ou uma história que tivessem vivido com Romeu, com todos os presentes.

Foi um excelente momento cultural, e provavelmente, a melhor homenagem que se poderia fazer a um contador de histórias único, no panorama do Concelho de Almada.

Enquanto ia ouvindo os testemunhos, comecei a pensar que Romeu Correia foi muito mais importante do que poderá parecer. Há centenas de pessoas (para não dizer milhares...) que gostam de livros graças ao escritor e dramaturgo de Almada. Eu, por exemplo, não tenho qualquer dúvida que foi ele me abriu as portas da cultura almadense e me despertou o interesse pela história local. Foi mais ou menos isso que disse no meu testemunho, além de ter contado a forma como nos conhecemos e tornámos amigos.»

(transcrição da publicação de ontem do blogue "Largo da Memória") 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, 30 de setembro de 2023

O Busto de Romeu Correia (colocado nos jardins do Museu do Teatro)


Na manhã de domingo fui ao Museu do Teatro e do Traje, propositadamente para ver o busto de Romeu Correia, da autoria de Francisco Simões, colocado nos seus jardins.

Tudo isto porque um dos meus amigos me disse, com alguma lata: «Aquilo parece-se tudo menos com o Romeu. Pode ser qualquer careca, que não rape o cabelo na totalidade.» Além de sorrir fiquei a pensar que tinha de "ver para crer" (sou muito como S. Tomé)...

E o que encontrei nos jardins foi um busto demasiado grande e um pouco desproporcionado, diga-se de passagem. 

Ao contrário do meu amigo encontrei parecenças com o grande escritor de Almada, mas na minha opinião está longe de ser um trabalho perfeito. 

Mas o que mais me "chocou" foi a Obra de Arte estar colocada na relva, sem qualquer base de apoio. Penso que se tivesse uma base (como todos os outros bustos colocados naquela parte do jardim), ficaria mais "normal"...

Mas é o Romeu que está ali. Sem qualquer dúvida.

Não faço ideia porque razão foi colocado nos jardins deste Museu e não em Almada. Mas isso já são "contas de outro rosário"...

(texto publicado inicialmente no "Casario do Ginjal")

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O "Tritão" andou a procura de leitores na Feira da Luz...


Um dos vendedores de livros da Feira da Luz tinha na sua banca, um "Tritão", da colecção da Editorial Notícias, que continuava à procura de leitores, e tinha como preço apenas três euros.

Felizmente andava pela Feira um Poeta, amante de livros, que ainda teve o prazer de conhecer Romeu Correia e não perdeu a oportunidade de agarrar este "Tritão", que se afastara do Tejo e do Ginjal, por alguns momentos...


sexta-feira, 30 de junho de 2023

A (não) reedição do "Sábado sem Sol" envolta em Polémica


António Mota Redol, da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, no começo deste mês que agora finda, fez o ponto de situação em relação à reedição do livro de contos, "Sábado sem Sol", que marca a estreia literária de Romeu Correia, através de e-mail, que transcrevemos com a devida vénia:

«A responsável da cultura e a responsável da biblioteca da Câmara Municipal de Almada, em que o Dr. António Ramos e eu estivemos presentes, representando os 480 almadenses que assinaram em início de 2019 um abaixo-assinado pela reedição de algumas das obras de Romeu Correia   e os dirigentes associativos que assinaram outro abaixo-assinado em 2022, na sequência de várias cartas que, em nome da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, enderecei à Presidente da Câmara Municipal desde 2019. Os próprios abaixo-assinados foram resultado de iniciativa minha com a colaboração de várias pessoas e entidades.
Depois de nos terem prometido a publicação do volume em epígrafe para alturas do 25 de Abril de 2022 e terem solicitado orçamento à editora Colibri, a edição não se concretizou. Naquela reunião de 2023, foi-nos dito que havia dotação orçamental para a edição do volume, pelo que solicitaram novo orçamento.
Repentinamente, dando o dito por não dito, compraram ao Público exemplares do livro "fac-simile" Sábado Sem Sol, cujos contos faziam parte daquele volume juntamente com os contos de Um Passo Em Frente e pretendem realizar uma sessão de apresentação de Sábado Sem Sol. Claro que o volume previsto ficará sem concretização e penso que a colecção prevista tem assim o seu fim, pois nunca se mostraram muito entusiastas da ideia. Até aqui a Câmara de Almada só apoiou a edição da novela Cais do Ginjal, e a Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo o romance Calamento, dentro da mesma colecção. Isto ficou previsto desde que esta Associação fez em 2019 a  proposta à Câmara de reedição das obras de Romeu Correia. 
A família do escritor, através do seu neto, tem acompanhado as diligências e acertou os direitos de autor com a editora Colibri. Com esta situação, a família vê gorada a edição prevista, bem como a editora, que certamente teria incluído o volume na sua programação para 2023.
O que agora se passou, não respeitando os compromissos assumidos, é lamentável e  constitui uma falta à palavra dada e uma velhacaria da parte das responsáveis referidas.  A sessão a que se alude, para a qual convidaram a Profª Maria Graciete Besse, constitui uma  camuflagem dessa velhacaria.»

É lamentável este procedimento do Município, da sua Presidente e de toda a Vereação com pelouros e intervenção executiva. A memória e a obra de Romeu Correia mereciam mais respeito, tal como a Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo e todos os Almadenses, representados nas 480 assinaturas entregues à Câmara Municipal de Almada.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, 28 de maio de 2023

Algo que me parece (e é) do século passado...


Ao ler algumas palavras de Celestino Silva, actor e encenador de teatro, publicadas no desaparecido "Jornal de Almada" (a 5 de Julho de 1969), há quase cinquenta e quatro anos, sobre um sonho antigo que não conseguia concretizar, encontrei "uma barreira", que não existe nos nossos dias, felizmente.

«As raparigas que o nosso teatro dispõe, são demasiado jovens para fazer determinados papéis. Um sonho antigo é o de representar Romeu Correia. Porém, esse sonho não se poderá caracterizar exactamente por falta desses elementos. As “nossas actrizes” só poderão fazer esses papéis daqui a uns vinte anos…»

Felizmente, nos nossos dias qualquer actriz, mesmo jovem, bem caracterizada, pode fazer um papel nas peças do Romeu sem ter de esperar vinte anos...


sábado, 29 de abril de 2023

"A Descoberta de um Conto do Romeu de 1951..."


«Não fazia ideia que o Romeu Correia tinha participado numa pequena antologia de contos (com Fernando Namora, Antunes da Silva, Alberto Pimentel), no já longínquo ano de 1951, da Colecção Horizonte. É também oferecida juntamente com os contos uma pequena litografia de Manuel Ribeiro de Pavia (ainda em bom estado, tal como o livro que não ultrapassa as sessenta páginas.

A história que ele conta tem como título, "A Tampa do Bule". Tudo indica que é autobiográfica, que aborda a separação do pai e da mãe, onde a figura central é o António, um menino de sete anos, cuja idade faz com que os adultos tentem que ele passe um pouco ao lado de todo aquele drama...

Mais uma bela surpresa, descoberta por aí...»


(Texto publicado inicialmente no "Casario do Ginjal")



terça-feira, 21 de março de 2023

"Visita Guiada"

 



Visita Guiada
  
a visita começou em Cacilhas
a bonita terra dos “orelhudos”
e de tantas outras maravilhas
que não davam espaço a sisudos
 
com a tua arte de contador de histórias
falaste do Arrobas, do Elias Garcia
e de tanta gente de felizes memórias
utilizando alguns pós de fantasia
 
depois vieram os lugares mágicos
que não trouxeram apenas encanto
focaste os acontecimentos trágicos
salvos por um ou outro “santo”
 
quando abriste a porta dos restaurantes
sentimos o aroma das belas caldeiradas
convocaste mais personagens apaixonantes
que na tua voz se tornaram encantadas
 
depois caminhámos em direcção ao “Rio-Mar”
era ali que começava e acabava o Ginjal
com tantas aventuras para contar
e quase sem darmos por isso, estávamos no Ponto Final.

Luís [Alves] Milheiro


(A minha homenagem a Romeu Correia e a Mártio neste Dia Mundial da Poesia. O Romeu, por ter sido o meu primeiro guia de Almada. O Mártio por nos ter retratado tão bem nesta sua aguarela, que foi capa deste meu livro...)


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

"Uma Sereia Chamada Ermelinda"


Este texto publicado no "Largo da Memória" e no "Casario do Ginjal" é muito "Romeu Correia" e por essa razão, faz todo o sentido que também apareça aqui. 

«Nos anos em que ando mais envolvido com projectos literários, leio menos.

O mais curioso, é esta quase pausa, começar logo em Janeiro, mesmo que no começo do ano ainda tenha bastante disponibilidade para ler.

Este mês pensei que talvez seja possível "fintar" esta quase paragem com a escolha de livros mais pequenos e interessantes... A minha primeira escolha foi a peça de teatro "Uma Sereia Chamada Ermelinda", da autoria de Alexandre Castanheira (lida em dois "actos"...). O mais curioso, foi ter assistido à peça em 2011 (ano da edição do livrinho que me foi oferecido pelo autor...), que se baseava no romance autobiográfico, "Cais do Ginjal", de Romeu Correia, encenada pela Associação Manuel da Fonseca, e nunca a ter lido.

Gostei de ler a peça, porque Alexandre Castanheira não se cinge ao "Cais do Ginjal" (pelo menos foi o que senti...), há por ali pequenas coisas dos "Tanoeiros", do "Tritão" e até de obras biográficas, como a história de vida de Armando Arrobas, que Romeu quase imortalizou.

E tem também uma forte componente de resistência e consciencialização política, através da Ermelinda, que é muito mais que uma "sereia"...

Foi bom reviver lugares e personagens (dentro e fora dos livros), numa obra que tem uma dedicatória muito singular e pessoal...»

(Alexandre era um grande amigo de Romeu e esta peça, acaba por ser mais uma das várias homenagens que lhe fez...)