A publicação do "Trapo Azul", o primeiro romance de Romeu Correia, apenas um ano depois da sua estreia literária, com o livro de contos, "Sábado sem Sol", explica-se sobretudo pela vontade de uma das histórias (Mestra) querer ir mais longe e explicar ao pormenor a vida difícil das costureiras em Almada, exploradas até ao tutano pelas "mestras"...
Mas nada melhor que a explicação de Romeu, na terceira edição do romance, publicada em 1978, trinta anos depois da edição de estreia, para sabermos qual foi o "motor" de toda a história...
«Na pacata vila de Almada, que por esses
tempos não ia além de trinta mil almas, passei ao papel uma longa história das
pobres costureiras dos fatos de ganga para os operários, profissão-último
recurso, sujeita à mais desenfreada exploração das mestras, que nalguns casos
(por paradoxo que pareça!) eram mulheres ou filhas de… operários.
A falta de consciência de classe tem
sido uma constante anti-revolucionária do povo português; a mentalidade
pequeno-burguesa uma alienação, uma nódoa imperceptível, que alastra,
traiçoeira, por todos os lados - A fome e o frio sofridos na carne não são
vistos como uma flagrante e intolerável injustiça social a que devemos pôr
fim.»
Sem comentários:
Enviar um comentário