Estas são as palavras de J. O., sobre a fotografia de Romeu Correia, da autoria de Fernando Lemos (datada entre 1949 e 1952), que esteve em exposição no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, intitulada, "Todos os Braços Úteis":
«Esta
atenção aos braços e mãos de Romeu Correia poderia ter a ver com o facto de ter
praticado boxe amador nos anos quarenta, chegando a campeão nacional nesta
modalidade. No entanto, outras leituras podem ser feitas a partir do facto de
ter sido a sua vontade e esforço de autodidacta que lhe permitiram ultrapassar
uma instrução básica para tornar-se um escritor e dramaturgo, reflectindo
sempre as preocupações do neo-realismo.
Este
movimento, que pictoricamente muitas vezes evidenciava as mãos e os braços dos
camponeses e operários como a sua força e ferramenta de sustento, tinha
obviamente preocupações sociais, que Romeu Correia partilhava. Estas
reflectiram-se logo no seu primeiro livro de contos, Sábado Sem Sol (1947), que a
PIDE tentou apreender.
A
sua generosidade e vontade de dinamização levaram-no a dedicar-se de igual modo
às colectividades de Almada, cidade onde nasceu e viveu, nomeadamente na
expansão das suas bibliotecas e na organização de palestras (Incrível Almadense
e Academia Almadense). Hoje tem o seu nome inscrito no Fórum Municipal desta
cidade e numa Escola Secundária do Concelho.»
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