quarta-feira, 23 de agosto de 2017

"Todos os Braços Úteis"


Estas são as palavras de J. O., sobre a fotografia de Romeu Correia, da autoria de Fernando Lemos (datada entre 1949 e 1952), que esteve em exposição no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, intitulada, "Todos os Braços Úteis":


«Esta atenção aos braços e mãos de Romeu Correia poderia ter a ver com o facto de ter praticado boxe amador nos anos quarenta, chegando a campeão nacional nesta modalidade. No entanto, outras leituras podem ser feitas a partir do facto de ter sido a sua vontade e esforço de autodidacta que lhe permitiram ultrapassar uma instrução básica para tornar-se um escritor e dramaturgo, reflectindo sempre as preocupações do neo-realismo.

Este movimento, que pictoricamente muitas vezes evidenciava as mãos e os braços dos camponeses e operários como a sua força e ferramenta de sustento, tinha obviamente preocupações sociais, que Romeu Correia partilhava. Estas reflectiram-se logo no seu primeiro livro de contos, Sábado Sem Sol (1947), que a PIDE tentou apreender.


A sua generosidade e vontade de dinamização levaram-no a dedicar-se de igual modo às colectividades de Almada, cidade onde nasceu e viveu, nomeadamente na expansão das suas bibliotecas e na organização de palestras (Incrível Almadense e Academia Almadense). Hoje tem o seu nome inscrito no Fórum Municipal desta cidade e numa Escola Secundária do Concelho.»

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