Já sabíamos a história da atribuição da Rua Romeu Correia, contada pelo seu preponente e nosso amigo Fernando Barão.
Mas ontem numa pequena conversa com o escritor e associativista de Almada, ficámos a saber mais um pormenor. Romeu Correia foi a primeira pessoa a saber desta ideia de Fernando Barão. Ainda antes deste a apresentar na reunião de Câmara, da qual era vogal da Comissão Administrativa, presidida por Silveira Júnior, Fernando confidenciou a sua vontade ao Romeu, deixando-o completamente surpreendido e fazendo-o prometer que não diria nada a ninguém.
No começo dos anos 1970 Almada abria ainda mais os seus horizontes, urbanizou e fez arruamentos nas proximidades da então Quinta da Alegria (pensamos que a melhor referência para vos indicarmos este lugar é o campo de futebol do Beira Mar de Almada...). Era preciso atribuir topónimos e Fernando Barão, como figura ligada à cultura Almadense apresentou três propostas: Romeu Correia, o grande dramaturgo português nessa época - a par de Bernardo Santareno; João Luís da Cruz, grande conhecedor e defensor da cultura e história almadense; "Jornal de Almada", o único semanário existente na época, pelo seu excelente trabalho em prole do concelho e dos habitantes de Almada (foram também atribuídas duas pracetas a Columbano Bordalo Pinheiro e ao esgrimista Jorge Paiva, ambos naturais do Concelho).
A proposta foi de tal maneira apresentada pelo Fernando Barão, que foi aprovada por todos, sem quaisquer argumentos para contrariar a sua tese, que valorizou o papel do Romeu como escritor e dramaturgo como grande figura da cultura nacional, talvez a única nesse tempo, acrescentamos nós.
Romeu ficou um pouco indeciso, mas muito satisfeito com esta homenagem, até por saber que era uma raridade alguém no nosso país ver-lhe atribuída uma artéria em vida. E ainda por cima toda a gente sabia do passado democrático de Romeu Correia, desde os anos 1940, em que fez parte da Comissão da Freguesia de Almada do MUD, e principalmente da sua obra literária, onde nunca calou a exploração e a repressão de que eram vítimas os trabalhadores das várias indústrias do Concelho.
Romeu falou com vários amigos, oposicionistas e figuras da cultura almadense, que o aconselharam a aceitar esta atribuição, pois seria também uma homenagem prestada ao povo de Almada.
(Fotografia de Luís Eme)
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