sexta-feira, 30 de junho de 2023

A (não) reedição do "Sábado sem Sol" envolta em Polémica


António Mota Redol, da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, no começo deste mês que agora finda, fez o ponto de situação em relação à reedição do livro de contos, "Sábado sem Sol", que marca a estreia literária de Romeu Correia, através de e-mail, que transcrevemos com a devida vénia:

«A responsável da cultura e a responsável da biblioteca da Câmara Municipal de Almada, em que o Dr. António Ramos e eu estivemos presentes, representando os 480 almadenses que assinaram em início de 2019 um abaixo-assinado pela reedição de algumas das obras de Romeu Correia   e os dirigentes associativos que assinaram outro abaixo-assinado em 2022, na sequência de várias cartas que, em nome da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, enderecei à Presidente da Câmara Municipal desde 2019. Os próprios abaixo-assinados foram resultado de iniciativa minha com a colaboração de várias pessoas e entidades.
Depois de nos terem prometido a publicação do volume em epígrafe para alturas do 25 de Abril de 2022 e terem solicitado orçamento à editora Colibri, a edição não se concretizou. Naquela reunião de 2023, foi-nos dito que havia dotação orçamental para a edição do volume, pelo que solicitaram novo orçamento.
Repentinamente, dando o dito por não dito, compraram ao Público exemplares do livro "fac-simile" Sábado Sem Sol, cujos contos faziam parte daquele volume juntamente com os contos de Um Passo Em Frente e pretendem realizar uma sessão de apresentação de Sábado Sem Sol. Claro que o volume previsto ficará sem concretização e penso que a colecção prevista tem assim o seu fim, pois nunca se mostraram muito entusiastas da ideia. Até aqui a Câmara de Almada só apoiou a edição da novela Cais do Ginjal, e a Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo o romance Calamento, dentro da mesma colecção. Isto ficou previsto desde que esta Associação fez em 2019 a  proposta à Câmara de reedição das obras de Romeu Correia. 
A família do escritor, através do seu neto, tem acompanhado as diligências e acertou os direitos de autor com a editora Colibri. Com esta situação, a família vê gorada a edição prevista, bem como a editora, que certamente teria incluído o volume na sua programação para 2023.
O que agora se passou, não respeitando os compromissos assumidos, é lamentável e  constitui uma falta à palavra dada e uma velhacaria da parte das responsáveis referidas.  A sessão a que se alude, para a qual convidaram a Profª Maria Graciete Besse, constitui uma  camuflagem dessa velhacaria.»

É lamentável este procedimento do Município, da sua Presidente e de toda a Vereação com pelouros e intervenção executiva. A memória e a obra de Romeu Correia mereciam mais respeito, tal como a Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo e todos os Almadenses, representados nas 480 assinaturas entregues à Câmara Municipal de Almada.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

2 comentários:

  1. Tudo normal no reino do faz de conta em que Almada se tornou nos últimos seis anos. Romeu Correia é um escritor para esquecer, tal como as memórias de Almada são para esquecer ou, o que é muito pior, desvirtuadas, manipuladas e subvertidas para serem substituídas pelas as quais os novos poderes do esquecimento global trabalham .
    À medida que o tempo passar, iremos assistindo a este ditame de esvaziamento da Memória Coletiva, sem qualquer pudor. É o que se faz no resto do país, deitando abaixo monumentos, fechando museus, alterando tradições, promovendo uma Cultura vazia de conteúdos sociais e
    colectivos, por outra de entretenimento, esvaziamento ético e moral, deixando morrer aos poucos as associações de todo o tipo, colectividades, teatro, cinemas. A Nova ( e antiga) Cultura será para os que tiverem dinheiro e estatuto social. Tudo uma questão de elitismo ou, se Marx aqui estivesse, de luta de Classes. Claro que Romeu Correia , a sua Obra, estão de tal forma acima disto tudo que ele, se estivesse aqui agora diria que nem a PIDE o impediu há 50 anos, de realizar o seu trabalho literário. Estou, estamos crentes, que a baixeza moral e a indigência cultural que vai reinando terá o seu fim.
    Um obrigado grande ao autor deste Blogue por dar voz aos que ainda a não perderam!

    ResponderEliminar
  2. Não fazia ideia da polémica. Saudei a publicação como grande amiga que sempre fui deles é da Julieta.

    ResponderEliminar